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Contagem regressiva para o 13º Fórum da Internet no Brasil

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31 de maio de 2023

Se você acompanha as redes sociais do IRIS, provavelmente já viu algo sobre o Fórum da Internet no Brasil. Mas, mesmo se não tiver visto ou, se viu e não entendeu muito bem do que se trata, aproveite esse post, pois o objetivo aqui é justamente apresentar um pouco o evento, seus objetivos e, logo, algumas questões sobre o mundo da Governança da Internet (GI).

Contextualizando o Fórum da Internet no Brasil e conhecendo sobre o processo de seleção 

O Fórum da Internet no Brasil (FIB) é um evento promovido pelo Comitê Gestor da Internet (CGI) desde 2011. A cada ano, uma cidade diferente é escolhida como sede, tendo o evento já ocorrido em diferentes estados e regiões, tais como Belém (PA), São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Natal (RN)… E neste ano, pela primeira vez a sede não será uma capital, mas uma cidade do triângulo mineiro: Uberlândia. Inclusive, já estamos nas vésperas do evento, que ocorrerá entre os dias 30 de maio a 2 de junho. Tudo é transmitido pelo Youtube, mas se inscrevendo pelo portal do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.BR), é possível ganhar também um certificado de participação e, logo, dar maior credibilidade ao evento.

Outro ponto importante na apresentação do FIB é a sua relação com o IGF, o Internet Governance Forum, promovido pelas Nações Unidas. Sendo um dos principais marcos da Governança da Internet, o IGF nasceu em uma proposição na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, em 2005. Sua proposta é ser um fórum internacional que ocorre anualmente – também em diferentes cidades sede – para a discussão de temas relevantes e por parte de diferentes atores, prezando pelo multissetorialismo e pela diversidade na composição dos painéis – 

O IRIS já participou algumas vezes do evento, o que é possível conferir aqui e aqui. Nesse contexto,a semelhança entre os eventos não é por acaso, uma vez que o intuito do FIB é ser um momento preparatório, sendo também chamado de “Pré-IGF”.

Feita essa introdução, é importante abordar sobre as formas de participar do evento: Anualmente, alguns meses antes do FIB, são abertas as inscrições para os workshops, os quais são painéis compostos por, obrigatoriamente, integrantes de todos os setores da GI, sendo eles: governamental, empresarial, terceiro setor e comunidade científica e tecnológica. No momento inicial de inscrição, não é necessário que a presença de todes esteja confirmada; no entanto, o recomendável é que algum tipo de contato já tenha sido feito a fim de, posteriormente, confirmar a presença. 

Ainda sobre os componentes, deve haver no painel um(a) moderador(a) e um relator(a), em adição aos palestrantes. Quanto ao assunto a ser debatido, há uma lista de 70 temas disponíveis, distribuídos em 10 macrotemas, os quais envolvem desde “Dados, informações e conteúdos digitais” até “Questões jurídicas, regulatórias e extraterritoriais”. Assim, é preciso que o tema escolhido seja pertinente no cenário contemporâneo, envolvendo, normalmente, questões que têm sido debatidas ou perspectivas distintas diante de assuntos já antigos. 

Além das questões já abordadas, um elemento bastante relevante para a seleção dos workshops é a diversidade, a qual deve ser de gênero, raça, setor e região. Em outras palavras, painéis apenas com homens ou com integrantes apenas do sudeste/sul, não apresentam a diversidade suficiente para serem aprovados. Nesse contexto, o multissetorialismo é também levado em conta, uma vez que, para que as discussões sejam de fato proveitosas, é preciso que todos os setores estejam devidamente representados. Por fim, a seleção também avalia as maneiras de engajamento com a audiência e os resultados pretendidos. Por o evento possuir transmissão ao vivo, o espaço para a interação com aqueles que assistem de maneira remota é de extrema importância, o que faz com que os proponentes tenham que pensar em maneiras criativas de interagir com a audiência, por exemplo a partir da divulgação de caixinhas de perguntas (no instagram) ao vivo.

No final das contas, a avaliação e seleção de workshops é rigorosa, uma vez que vários critérios são utilizados para tal. No entanto, algo que ajuda é sempre buscar conversar com pessoas que já participaram e, principalmente, que foram proponentes. Sempre após o envio da proposta, todos recebem um feedback da comissão de avaliação, mencionando os pontos fortes e fracos. Além disso, no site do FIB, está disponível o Guia de submissão e também informações diversas sobre o processo de seleção. É importante refletir principalmente sobre a relevância do painel e discussões propostas para o ecossistema da governança, bem como sobre os resultados pretendidos, critérios de diversidade contemplados e as formas de engajamento da audiência. 

Outra forma de participar do evento – recebendo o apoio para a participação – é através do Programa Youth. Realizado anualmente pelo NIC.BR, o Youth é voltado para jovens de 18 a 25 anos. Resumindo, ele é dividido em duas etapas: pré-seleção e estudos dirigidos. São inicialmente distribuídas 150 vagas e, ao final, 20 jovens são selecionados para participar do FIB e de eventos estrangeiros – LACIGF e IGF – recebendo auxílio integral para a participação. Novamente, trata-se de uma seleção rigorosa, visto que a fase de estudos dirigidos exige muita dedicação pelo período de 1 mês ininterrupto. No entanto, é uma oportunidade extremamente proveitosa para se integrar no mundo da GI, aprender sobre os princípios básicos, fazer networking e criar redes. 

Dicas para o evento

Para quem vai participar presencialmente do FIB pela primeira vez, a orientação mais ouvida é: faça conexões. A interação é um dos principais pilares do FIB, seja durante os painéis, nos momentos de discussão ou nas pausas de coffe-break. Conversar sobre os temas, apresentar dúvidas, discutir ideias com especialistas ou com amigos da área… há um espaço privilegiado para tudo isso. Assim, é importante ter atenção à agenda oficial para, previamente, selecionar os painéis de maior interesse. Infelizmente, não é possível assistir tudo, uma vez que os workshops acontecem de forma concomitante. Levar papel e caneta, cartão de apresentação e uma garrafa d’água também são dicas de ouro na hora! Há também sempre um cafezinho nos corredores para dar aquela animada necessária – a rotina do evento acaba sendo cansativa pela quantidade de informação.

No mais, a participação presencial também traz o bônus de se conhecer a cidade sede, a qual sempre conta com um grande leque de atrações culturais. Na página do FIB também há uma aba sobre o Local e Dicas, a qual apresenta algumas informações sobre Uberlândia. 

Por fim, recomendo dar uma olhada na programação do IRIS no FIB! Estaremos em peso no evento, abordando temas variados contemplados em nossos projetos e pesquisas. 

Bom evento!

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Pesquisadora do Instituto de Referência em Internet e Sociedade. Bacharela em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atualmente mestranda em Direito Internacional Privado, pela mesma instituição. Integrante do projeto de pesquisa sobre moderação de conteúdo na internet. É coordenadora do Grupo de Estudos Internacionais em Internet, Inovação e Propriedade Intelectual (GNet). Tem como áreas de interesse: Direito da internet, Direito Internacional Privado e Direito Político.

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