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Caminhos para a apropriação tecnológica: um pouco mais sobre a capacitação do IRIS realizada em outubro

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4 de dezembro de 2023

No final de outubro, a equipe da Inclusão Digital realizou, em Belo Horizonte, a capacitação “Caminhos para a apropriação tecnológica: diversidades, conteúdos e direitos”. Como parte do projeto de mesmo nome, financiado pelo TikTok Brasil, a atividade foi focada na produção de vídeos curtos e como público tivemos lideranças comunitárias de Belo Horizonte e região metropolitana. 

O objetivo deste texto é contar sobre o planejamento, execução e os resultados dessa atividade que foi planejada para durar cinco dias, mas nos levou quase 1 ano de preparação em meio a pesquisas, decisões e planejamentos logísticos. Boa leitura!

O antes: passos atrás e planejamentos para a capacitação

Para discorrer sobre o planejamento da capacitação, é importante, primeiramente, introduzir o projeto em que ela se insere. Financiado pelo TikTok Brasil, o projeto “Caminhos para a apropriação tecnológica: diversidades, conteúdos e direitos” apresentou como objetivo promover a apropriação tecnológica em comunidades vulnerabilizadas a partir da sinergia de 3 eixos: (i) pesquisa científica interdisciplinar; (ii) capacitação para produção de conteúdo digital e (iii) incidência em políticas públicas. 

Assim, a capacitação em si foi um dos produtos desenvolvidos, ao lado da execução de grupos focais, publicação de um relatório de pesquisa sobre apropriação tecnológica no Brasil e produção de material de apoio para a capacitação (que ainda será publicado em nosso site!). Apesar da diversidade de produtos, por sua vez, preparar a capacitação e executá-la contou com desafios únicos, visto o viés “mão na massa” da atividade e suas distinções com o dia a dia padrão da rotina de pesquisa. Outro ponto foi que os produtos desenvolvidos antes também foram importantes para a maturação das pesquisas sobre apropriação tecnológica e, logo, para a preparação do material da capacitação.

Foi nesse sentido que os grupos focais ocorreram. Em prol de entender o que as lideranças comunitárias já entendiam por apropriação tecnológica – bem como possíveis lacunas, defasagens e pontos de interesse, – realizamos três grupos em Belo Horizonte, convidando algumas lideranças que já havíamos conhecido a partir do projeto realizado ano passado – que contou com produtos semelhantes. Foram 3 dias de grupo que contaram com uma média de 5 pessoas e 2h de atividade. Em nosso roteiro, haviam perguntas sobre consumo e produção de conteúdo, vivências como lideranças comunitárias em meio às TICs e possíveis definições de apropriação tecnológica. Ao final, perguntamos o que eles gostariam de ver e aprender em uma capacitação voltada para o tema. Entre os grupos e a capacitação, tivemos então pouco mais de 1 mês para consolidar os roteiros de aula, convidar professores e realizar os convites. Passamos então para a parte da execução.

O durante: cinco dias de aula, 36 cursistas e 6 professores 

Visto que o objetivo principal da capacitação foi ensinar sobre a elaboração de vídeos curtos, os 5 dias tiveram como foco a produção desse tipo de material. Começamos então com uma aula sobre como preparar o dispositivo, pensando na liberação de memória, upload de aplicativos mais leves e gerenciamento de espaço. Em seguida, os dias 2º e 3º se voltaram à elaboração de roteiro, captação de imagens e edição de vídeos curtos. Por fim, os últimos dois dias tiveram como tema a relação entre territórios e apropriação e noções de  segurança digital. Como professores convidados, contamos com a presença do Gabriel Araújo, jornalista da Folha de São Paulo; Mirawá Noronha, fotógrafa e estudante da UFBA e Thiane de Nazaré, doutorando da UFBA e um grande nome nos estudos sobre apropriação tecnológica. 

Ao longo dos dias, a turma executou atividades práticas, que vão desde a limpeza da memória ocupada pelas mensagens no WhatsApp até a elaboração de roteiro para vídeos curtos, gravação e  edição pelo aplicativo CapCut. Alguns cursistas apresentaram suas ideias iniciais para a utilização dos vídeos em comunidade, a exemplo do uso para denunciar negligências do poder público ou para divulgar atividades culturais de suas comunidades.

O depois: resultados, feedbacks e reflexões 

Ao final, todos os 36 cursistas que participaram da capacitação alcançaram presença satisfatória e receberam certificados. Como material complementar do curso, a equipe da Inclusão Digital desenvolveu uma Cartilha contendo os tutoriais que foram passados em sala e conteúdos extras relacionados – será ainda publicada em nosso site! Circulamos também formulários para colher feedbacks e fizemos um vídeo com alguns depoimentos. Fique atento às redes sociais do IRIS para ver mais sobre esses dias de capacitação!

As opiniões e perspectivas retratadas neste artigo pertencem a seus autores e não necessariamente refletem as políticas e posicionamentos oficiais do Instituto de Referência em Internet e Sociedade.

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Pesquisadora do Instituto de Referência em Internet e Sociedade. Bacharela em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atualmente mestranda em Direito Internacional Privado, pela mesma instituição. Integrante do projeto de pesquisa sobre moderação de conteúdo na internet. É coordenadora do Grupo de Estudos Internacionais em Internet, Inovação e Propriedade Intelectual (GNet). Tem como áreas de interesse: Direito da internet, Direito Internacional Privado e Direito Político.

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