Por que você deve assistir a Black Mirror?
11 de agosto de 2016
Desde 2011, uma ou outra pessoa têm assistido a essa série britânica sobre um futuro distópico, no qual a tecnologia desempenha um papel fundamental na vida das pessoas. Mas foi mesmo com a inclusão dessa produção no rol de séries do Netflix que Black Mirror ganhou maior projeção mundial, além de ter uma temporada prestes a sair (2016), com assinatura do próprio serviço de streaming. Serão mais 12 episódios, o que inova na própria sistemática da série, que normalmente lançou apenas 3 episódios por temporada até hoje, além de um especial de Natal. Os episódios são completamente independentes uns dos outros, de forma que o espectador pode entrar em contato com diversos personagens, contextos e dilemas.
Mas por que assistir a Black Mirror?
Se engana quem acredita que essa é apenas mais uma série de ficção científica. Black Mirror, como o próprio conceito de “espelho preto” indica, é um exercício especulativo sobre as alterações no comportamento humano frente ao desenvolvimento tecnológico. Os temas abordados são extremamente humanos, encontrados nos mais diversos (e seculares) estudos filosóficos. Para os amantes da série, seu maior trunfo são as narrativas nas quais a tecnologia facilita a realização de algumas aspirações contemporâneas, como o armazenamento em vídeo de memórias e a acessibilidade da inteligência artificial, entre outras temáticas. Os já notáveis impactos psicológicos das interações virtuais, como a midiatização em massa de opiniões políticas radicais e a infiltração da justiça retributiva no discurso popular, tomam proporções absurdas no seriado.
Reflexões necessárias e não tão utópicas assim
Claro que essas inovações também são acompanhadas de reflexões sobre os efeitos colaterais dessas tecnologias. Em um episódio sobre inteligência artificial, por exemplo, uma mulher que perdeu seu cônjuge lida com os desafios de manter um contato diário com a versão robótica de seu ente querido. Todos os seus desejos, manias, personalidade, traços físicos, e informações pessoais são extraídos de redes sociais, contas de e-mail e conversas privadas. Por mais que a tecnologia tenha possibilitado a criação de um robô exatamente igual a seu ex-marido, seria essa uma maneira saudável de ela lidar com a morte e a perda de um ente querido? Até que ponto essas relações entre seres humanos e inteligência artificial são reais, satisfatórias, ou até mesmo saudáveis?
Outro episódio propõe um universo no qual memórias não são armazenadas organicamente no cérebro, mas sim em um dispositivo implantado em cada indivíduo. Sem pretensões de heróis ou vilões, a trama acompanha a noite de um casal, durante e após um jantar entre amigos. Entre nuances desse universo, como o entretenimento da projeção de memórias na televisão ou a rejeição de um dos personagens à tecnologia, emergem-se perguntas maiores: o que significa lembrar? Ou, ainda, esquecer? Como essas coisas contribuem para a noção contemporânea de ser humano, e como ela pode mudar?
Até o momento, só é possível aproveitar os sete episódios já disponibilizados no Netflix. Enquanto não é liberada a nova leva de episódios da terceira temporada, para quem se interessa pela temática, vale a pena assistir a séries como Mr. Robot!