O IRIS no radar
Escrito por
Luiza Brandão (Ver todos os posts desta autoria)
11 de julho de 2022
O IRIS – Instituto de Referência em Internet e Sociedade – completará sete anos no segundo semestre de 2022. Também começará a próxima metade do ano sob a liderança de Paloma Rocillo. Mesmo não sendo mais a diretora do IRIS a partir de agosto de 2022, aqui explico os motivos pelos quais continuarei acompanhando de perto o Instituto – e porque acredito que você também deveria fazê-lo.
As fronteiras se expandem
Em 2015, participei da fundação do IRIS como uma think-tank, um centro de pesquisa independente que se mantém como associação privada sem fins lucrativos. Esse modelo, em muito viabilizado pelo Marco Regulatório de Ciência e Tecnologia no Brasil, ainda é relativamente recente. Isso nos permitiu, ao longo dos anos, abranger cada vez mais temas relativos à internet e sociedade. Deixamos de ter perspectivas tão somente jurídicas, para buscar compreender os fenômenos e impactos da internet sobre a sociedade (e vice-versa) em diálogo com diferentes áreas: antropologia, ciências sociais, comunicação social, engenharia do conhecimento, biblioteconomia e ciências da computação.
Tanto a equipe quanto instituições parceiras do IRIS viabilizam a expansão das temáticas tratadas pelo Instituto. A dedicação constante às, cada vez mais intensas, demandas sociais, políticas e regulatórias sobre tecnologias digitais viabiliza a atuação do IRIS em projetos sobre governança da internet, moderação de conteúdo, criptografia, comunicações privadas e investigações criminais, proteção de dados, responsabilidade de intermediários e bloqueio de aplicações, inclusão digital e exercício de direitos e cidadania na internet (e para muito além dela). Ainda, as atividades do IRIS compreendem questões como o metaverso, inteligência artificial, desinformação e buscam explorar ainda novos campos, perspectivas e diálogos.
Na medida em que as tecnologias baseadas na internet se tornam mais complexas, intrincadas e globalmente interconectadas, o IRIS continuará se dedicando a dar passos mais à frente para expandir seus temas e corresponder aos desafios contemporâneos. Você pode saber mais sobre as áreas de atuação do instituto, passadas e presentes, assim como vislumbrar possíveis intersecções entre elas, aqui.
Novas formas de informar
Ao longo do tempo, vivenciamos a chamada “crise informacional”, incluindo a propulsão da desinformação, especialmente pelos meios digitais. As inquietações sobre produção, acesso e compartilhamento de conhecimento levam o IRIS a pensar e investir em novas formas de apresentar os resultados de suas atividades de pesquisa às pessoas, instituições e espaços de debate.
A importância da comunicação cresceu exponencialmente nos últimos anos. Não só a compreensão das dinâmicas que nos conectam às diferentes redes e levam conteúdo ao infinito e além, mas também novos formatos de fazê-lo. Por isso, a produção também assume formatos dinâmicos e também está presente em podcast, como o “Conectamos?”, vídeos, eventos e na produção de conteúdo em nossas redes sociais. O formato de curso também tende a ser cada vez mais explorado, com vídeos que ficam acessíveis como o “Criptografia e Sociedade”.
A dinamicidade dessas formas de comunicação busca também estabelecer canais entre as formas tradicionais de pesquisa e, ao mesmo tempo, levar ao público mais amplo as principais informações sobre as temáticas do instituto. Independente do meio, o IRIS segue aprimorando a forma e o conteúdo que apresenta.
A união faz a força
Não é um mero ditado popular, mas uma forma de enxergar e buscar conduzir as ações, produções e oportunidades que estão no radar do IRIS. Nesse sentido, logo após sua fundação, o instituto já se integrou à Rede de Centro de Estudos em Internet e Sociedade, que permite a troca de experiência entre diferentes instituições, com diversos modelos de organização e focos, que se dedicam aos temas de internet e sociedade. Algum tempo depois, a participação na Coalizão Direitos na Rede também foi um passo importante para o objetivo de contribuir para o debate público e informação de propostas relacionadas a tecnologias digitais, seus contornos e efeitos sobre a sociedade. O conteúdo do IRIS também é agregado pela ferramenta Strategic Intelligence, do Fórum Econômico Mundial, que reúne várias publicações, a fim de disponibilizar informação de qualidade em diferentes idiomas e temáticas.
Ao longo dos anos, diferentes instituições acreditaram nas propostas do IRIS e nas contribuições oferecidas em diversos campos. No da criptografia, por exemplo, além de parceiros brasileiros, o IRIS é ativo na Coalizão Global para a Criptografia e na Aliança para Criptografia na América Latina e no Caribe – ambos espaços de cooperação para produção e troca de informação sobre a importância dessa ferramenta na contemporaneidade. Iniciativas conjuntas, agregadoras e de troca de perspectivas e experiências são basilares para a atuação do IRIS e sua relevância só aumenta. Por isso, a confiança de cada pessoa e instituição é também a força que continua movendo o instituto.
A mais importante confiança, contudo, é aquela construída com e na equipe do IRIS. Desde sua constituição, várias pessoas já fizeram parte da história do instituto, de onde muitos caminhos brilhantes se seguiram. Da pequena equipe de fundação, da qual participei há anos, muita coisa mudou e ainda vai continuar avançando. Da proposta inicial de expandir o eixo Rio-São Paulo de discussões sobre internet e políticas tecnológicas, em 2022, o instituto conta com integrantes de praticamente todas as regiões do Brasil.
O comprometimento com a campanha para maior visibilidade e representatividade de Mulheres na Governança da Internet, desenvolvida em parceria com o IP.Rec, também se reflete na composição majoritariamente feminina da equipe e compartilhamento de sua produção na página da campanha e em todos os canais institucionais. Nos últimos anos, o IRIS deu passos ativos para a diversidade étnico-racial, cujo caminho continuará a ser percorrido. Para além do mês do orgulho, como defendeu a proposta do IRIS no Fórum da Internet de 2022, ser um instituto cada vez mais inclusivo e representativo para pessoas LGBTQIAP+ comprova a potência da diversidade na, com, pela e para muito além da internet.
Há muito pela frente
Considero a multiplicação de áreas temáticas, a inovação em formas de comunicação, os laços de cooperação e a diversidade da equipe, não apenas objetivos alcançados, mas também sinais de maturidade, desenvolvimento e compromisso institucionais. Nesse sentido, representam o que, para o infinito e além, ainda está por vir.
Fazer parte da criação e do crescimento do IRIS é muito mais do que fazer parte da história do instituto. Representa a alegria de observar seu futuro brilhante, a admiração por cada pessoa que o conduzirá daqui para frente e a certeza de que muitas sementes florescerão. A partir de agosto de 2022, Paloma Rocillo assume a direção do IRIS, em máxima potência – e por isso, o IRIS continuará, cada vez mais, no radar. Espero que também no seu, pois certamente já está no meu.
Escrito por
Luiza Brandão (Ver todos os posts desta autoria)
Fundadora e Diretora do Instituto de Referência em Internet e Sociedade, é mestre e bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Fundadora do Grupo de Estudos em Internet, Inovação e Propriedade Intelectual – GNet (2015). Fellow da Escola de Verão em Direito e Internet da Universidade de Genebra (2017), da ISOC – Internet and Society (2019) e da EuroSSIG – Escola Europeia em Governança da Internet (2019). Interessa-se pelas áreas de Direito Internacional Privado, Governança da Internet, Jurisdição e direitos fundamentais.