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Dia de TODAS as mulheres: na ciência, na sociedade e na Governança da Internet

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8 de março de 2023

As mulheres sempre fizeram parte da história do mundo, da ciência e das descobertas que nos trouxeram até aqui. Nem sempre a nossa história foi contada -mas, quando foi, frequentemente era relatada pela voz daqueles que historicamente falaram mais alto: os homens. 

O Dia Internacional da Mulher – 8 de março – é um convite a olhar a realidade que nos rodeia e nos perguntar o que podemos fazer para promover a diversidade e, também,o que queremos com isso. Para ir além, precisamos ainda nos perguntar como acolher de forma significativa mulheres que ousam ser aquilo que elas querem ser numa sociedade onde muito se fala do que se é esperado delas. 

Diversidade-S

Falar sobre diversidade, também, é sobre compreender os diferentes tipos de realidades existentes, compreendendo as possibilidades de intersecção de vivências que nos forjam enquanto um sujeito social.  Isso é importante para que possamos acolher as pessoas em suas individualidades, pois é diferente a voz de uma mulher negra, de uma mulher mãe, de uma mulher pobre, de uma mulher trans, de uma mulher LGBTQIA+… E tentar unificá-las sem sensibilidade à equidade pode acabar reproduzindo ainda mais violências

A nossa experiência de país nos coloca diante de uma realidade maravilhosamente diversa e extraordinariamente desigual. Diversos são os aspectos históricos, políticos e econômicos que construíram a estrutura de sociedade que partilhamos hoje, que se reconhece e se pauta pela visão de mundo hegemônica, aquela partilhada pela branquitude, pelos homens cis, e que os coloca como centro para determinar a tal  “normalidade”. A noção de identidade construída na ideia de oposição ao outro, ao “padrão”, ajuda a compreender os desafios enfrentados para que diferentes corpos, com diferentes vivências, ocupem os espaços da nossa sociedade

Falar sobre diversidade buscando estabelecer um ideal comum, sem se falar em interseccionalidade, seria repetir um erro que cometemos algumas vezes ao longo da nossa história: o de importar as soluções e os discursos que ecoam do norte global. Somos muitas e para cada uma de nós existe espaço. 

Não nos interessa, porém, nos adequar a um sistema discriminatório. Ao contrário, o que precisamos é hackeá-lo para que os “padrões” não sejam espaços de decisão ocupados apenas por homens brancos, mas sim se espantar quando isso acontece. Mais do que incluir as mulheres nos espaços de discussão e decisão, precisamos acolher suas individualidades para que elas pertençam e permaneçam no lugar que sonham e almejam, sem serem afastadas pela solidão da falta de representatividade, nem por outros tipos de violência sobre seu corpo e sua voz. 

O que queremos com a diversidade?

Mais do que ser ouvidas, sermos consideradas. Compromissos com diversidade não são o suficiente se não vierem acompanhados de mudanças estruturais que permitam a construção de mundos diferentes, se a função for apenas estampar diversidade de gênero. Queremos fazer parte da solução, sermos levadas a sério e não termos nossa vida pessoal usada como parâmetro para medir a nossa competência ou profissionalismo. 

Todas nós precisamos e merecemos ter a nossa história contada por nós mesmas, com os caminhos que buscamos construir – ainda que isso nos custe o enfrentamento do que está posto. No dia internacional da mulher, queremos saber quem são nossas ídolas, quem são as mulheres que fazem ciência e constroem uma sociedade pautada em princípios de diversidade, justiça e bem viver

#MulheresNaGovernança

Se hoje me perguntam o que eu quero para o dia das mulheres, eu, enquanto mulher jovem pesquisadora de origem pobre e atuante na governança da internet no Brasil,  respondo com convicção: que meninas e mulheres possam sonhar sem limites e que se sintam capazes de construir o que precisam para alcançar seus desejos mais grandiosos

Na minha trajetória, foi determinante poder conhecer mulheres competentes e generosas que me inspiraram para seguir adiante e sonhar além. Mas nem sempre temos alguém tão perto de nós, com uma realidade com a qual nos identificamos. Por isso, também queremos ver as nossas pares nos espaços de prestígio, de referência, de visibilidade e em qualquer outro que ela desejar estar. 

Com esse compromisso que temos já há alguns anos, o IRIS, em parceria com o Instituto Ip.rec, está recolhendo contatos de mulheres que atuam pelos direitos digitais e construindo uma governança diversa e participativa da internet. O objetivo é construir a Cartilha “Por Mais #MulheresNaGovernança da internet”, que acontece no perfil da nossa campanha @mulheresnagi e busca ampliar as vozes, participação e visibilidade de mulheres em espaços de debate e tomadas de decisão sobre uso e desenvolvimento da internet.

Para fazer parte dessa rede, integrando a nossa cartilha, basta se inscrever neste formulário que está aberto até o dia 15 de março, seguir e acompanhar nosso perfil @mulheresnagi, que traz conteúdos, referências e dados importantes para nosso fortalecimento para muito além do 8 de março. 

E você? Vem com a gente nessa rede de inspiração e fortalecimento? Divulgue para as mulheres em quem você se inspira – e deixe-as saber que são fonte de inspiração!

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Diretora do Instituto de Referência Internet e Sociedade, é mestranda em Política Científica e Tecnológica na UNICAMP. É formada em Ciência Sociais pela UFMG. Foi bolsista do Programa de Ensino Tutoriado – PET Ciências Sociais, onde desenvolveu uma pesquisa sobre o uso de drones em operações militares e controvérsias sociotécnicas. Fez parte do Observatório de Inovação, Cidadania e Tecnociência (InCiTe-UFMG), integrando estudos sobre sociologia da ciência e tecnologia. Tem interesse nas áreas de governança algorítmica, vigilância, governança de dados e direitos humanos na internet.

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