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9 anos de IRIS – celebrar o que somos e o que podemos ser

25 de setembro de 2024

Como uma boa ideia que surge na cozinha, o IRIS aconteceu há nove anos na cozinha do Brasil – Minas Gerais. De lá pra cá a internet mudou e muitas outras coisas mudaram também. Permanecemos com o DNA mineiro – e isso se pode perceber no dia a dia do Instituto: prezamos por uma boa prosa, um bom café, gostamos de contar estórias com afeto, de comida fresca e farta para todo mundo. Aconteceu que nos espalhamos pelo Brasil e hoje temos uma equipe contribuindo de vários cantos do país. Que sorte a nossa! 

E nessa história de juntar o melhor que cada um tem para oferecer, temos nos dedicado ativamente a juntar diferentes áreas do conhecimento, visões de mundo e formas de saber para conversar sobre tecnologia no nosso tempo e a necessidade de reconhecer e reafirmar os nossos direitos. Para que nenhum conhecimento pare em porteira ou em fronteira nenhuma, nos dedicamos a comunicar nossas pesquisas e ideias para quem mais interessa: às pessoas. E para que possamos construir a internet que acreditamos – segura, diversa, inclusiva – trabalhamos com escuta, aprendizado e transformação

Na construção da tecnologia do futuro, não podemos deixar de olhar para trás, de reconhecer o que foi aprendido até aqui e não pode ser esquecido, nem mesmo esquecer de olhar para o presente e para os desafios que marcam a nossa sociedade. Nos últimos anos nos dedicamos a estudar, fortalecer e aplicar o conhecimento que nos fortalece enquanto sociedade – e agora vamos te contar um pouco do nosso jeito de engajar nessa jornada. 

A internet e você

Há tempos a gente vem dizendo em nossas pesquisas, entrevistas, falas no senado ou no STF que nossas vidas on e offline têm sido cada vez mais uma só – ainda que estejamos longe de ter uma população inteira com uma conectividade significativa no Brasil. A internet que queremos precisa, urgentemente, ser uma internet segura e fortalecida em direitos para todes nós! E isso só é possível quando as pessoas em suas diversidades também estão sendo parte dos processos que fazem a internet ser o que ela é.

Todos esses processos que constroem o grande “prédio” que é a internet, sempre em construção – envolvem muito mais do que ligar o seu wifi, pesquisar sobre inclusão digital ou criar leis a respeito dos nossos direitos à privacidade e proteção de dados. Eles envolvem tudo isso junto e em movimento, e com uma característica central: a diversidade de realidades que já conhecemos offline, são igualmente múltiplas online.

Nesse sentido, em todas as nossas frentes de atuação aqui no IRIS, tomamos a importância do multissetorialismo na governança da internet intrinsecamente unida ao princípio da diversidade, que por sinal também consta no decálogo de Princípios para a Governança e Uso da Internet.

Afinal, como comunicar sobre os direitos de crianças e adolescentes online no Mercosul, esquecendo que o cenário político em que essas mesmas crianças e adolescentes estão no Brasil é completamente diferente no Paraguai? Ou então pesquisar sobre o uso da criptografia ao redor do mundo, quando as tecnologias de encriptação têm diferentes sistemas entre empresas que atua ultrapassando fronteiras? – Felp Duarte, coordenador de comunicação do IRIS

No IRIS levamos em conta todas essas interseccionalidades entre setores e mais ainda as que temos na própria sociedade. Lutamos por mais e mais #MulheresNaGovernança da internet já há 7 anos em nossa campanha com o IP.rec – instituto parceiro e também liderado por mulheres incríveis.

E como construir uma internet de fato com e para todes, se ao estudar internet e sociedade nos deparamos sempre com destaque a referências de autores do norte global e que não dialogam com nossa realidade latinoamericana? Sair desse sistema que se retroalimenta é um grande desafio, e por aqui estamos diariamente ampliando nossos repertórios no fazer científico para driblar esse problema estrutural – também repleto de epistemicídio no campo do conhecimento sobre tecnologia. Para isso, buscamos sempre por mais referências #ConsCiênciaNegra, latinoamericana, feminina e LGBTQIAPN+ para fazer nossa parte nessa mudança de cenário no Brasil, América Latina e no mundo.

Mais do que isso: entendemos que conhecimento científico não se faz somente na frente de um computador e entre quatro paredes. Conhecimento científico está também nas comunidades vulnerabilizadas que se apropriam de tecnologias de forma inovadora e a partir de suas próprias vivências. Está nas lideranças comunitárias que assumem o desafio de trabalhar para transmitir (e resistir) sua própria história por meio de artefatos de sobrevivência muitas vezes inéditos. E se o conhecimento científico também se faz nos territórios, entendemos que o nosso trabalho também deve se voltar para lá.

Tecnologia e Sociedade 

A essa altura você já deve ter se convencido de que nada acontece descolado do que chamamos de sociedade – das nossas culturas, das nossas ideias, nossas convenções, regras, sonhos, trabalho. Nem mesmo a máquina mais automatizada e autônoma que inventarmos funcionará em um vácuo, sem relação com o ser humano e com a sociedade que ele constrói. A tecnologia tem mudado dia após dia e junto dela mudamos a nossa vida também. 

Para nós, tecnologia e sociedade são um tema só, porque não acreditamos em um desenvolvimento tecnológico que deixe para trás o nosso desenvolvimento social. Em um tempo marcado por mudanças tão aceleradas e disruptivas, é preciso ser radicalmente humano. Afinal, nenhuma tecnologia é capaz de sentir, apenas nós podemos.

Posicionar o ser humano no centro da conversa sobre tecnologia é uma tarefa urgente, para que direitos fundamentais, democracia e culturas sejam fortalecidos pela tecnologia, e não capturados por ela.  – Ana Bárbara Gomes, diretora do IRIS

Os próximos anos nos guardam desafios: alguns que já conhecemos, outros que só a escrita da história poderá revelar. Para todos eles, será preciso atenção e força para que o futuro conectado que estamos buscando seja, também, um futuro mais seguro e mais participativo

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