Conectaí: Educação e Segurança como trend
A hiperconexão e a falta de acesso à informação comprometem o bem-estar e a segurança de adolescentes nas redes. Somado à hipervulnerabilidade social, jovens da rede pública de ensino têm enfrentado graves riscos de violência que perpassam o mundo digital.
De modo a reverter esse cenário e combater o adultocentrismo educacional, o Conectaí surge para fortalecer o protagonismo de adolescentes e jovens no âmbito da educação midiática – e construir, com eles, mecanismos para promover a cidadania digital e impulsionar as políticas de educação midiática no país.
Nossos objetivos são cocriar capacitações de educação midiática junto aos adolescentes de escolas públicas, compreender como se dá esse processo de aprendizado e articular uma rede de atores educacionais para a continuidade das atividades. Neste projeto, iremos:
- Desenvolver uma pesquisa etnográfica para compreender os elementos de engajamento, apropriação e prática de educação midiática entre jovens da rede pública de ensino;
- Elaborar e implementar um currículo de educação midiática para cidadania digital cocriado com adolescentes da rede pública de ensino;
- Engajar adolescentes embaixadores a partir do apoio ao fortalecimento de suas capacidades para liderança local;
- Articular uma rede de parceria contínua e duradoura entre estudantes de escolas públicas e de universidades para a apropriação do currículo de educação midiática por meio da educação entre pares;
- Mapear e incidir em processos políticos relevantes para contribuição com a concretização da Estratégia Nacional de Educação Midiática baseada na educação entre pares
Ano de início: 2024
Status: em andamento
Financiamento: TikTok
Entenda a mudança proposta por nosso projeto
Como você se informa sobre o mundo, como se comunica com seus amigos e onde estão seus maiores ídolos? Com certeza essas respostas envolvem, em alguma medida, o uso da internet e das redes sociais. Embora esse cenário já tenha sido diferente, para os adolescentes de hoje a internet desde sempre esteve presente. Mais especificamente, as redes sociais se tornaram os principais meios de se informar, expressar, comunicar e entreter. Prova disso é que 97% das pessoas entre 9 e 17 anos estão conectadas e 86% deste grupo possui perfis em redes sociais, apesar das diretrizes das plataformas não serem desenvolvidas para crianças e adolescentes.
E por que a hiperconexão de adolescentes é um problema? Primeiro, as redes sociais não são desenvolvidas para esse público, por isso faltam diretrizes específicas para suas necessidades e há um ambiente online permissivo à circulação de conteúdos que são prejudiciais a esse público. Segundo, a adolescência é uma fase de desenvolvimento em que a autonomia crítica, as ferramentas emocionais e a própria personalidade estão em formação. Por isso, neste momento pode ser difícil tomar decisões sobre consumo digital para traçar limites necessários ao bem estar e a construção de uma identidade cidadã.
O resultado disso é que em um momento central ao desenvolvimento humano, adolescentes são hiper expostos a um ambiente online infestado de conteúdos danosos que, sem as ferramentas psicológicas e informacionais necessárias, pode comprometer sua segurança -física e mental- e estimular a radicalização da juventude.
Em escala macro, as políticas públicas de educação digital atuais sobre o tema também representam um problema. Sabe por quê? Elas ainda se baseiam em uma lógica adultocêntrica e não incluem os jovens na cocriação do seu processo formativo. Isso leva ao aumento da vulnerabilidade social de adolescentes que, por não perceberem sentido e pertencimento às práticas pedagógicas, também não se apropriam plenamente das ferramentas de educação midiática necessárias à construção da cidadania digital.
Todos esses fatores influem diretamente no contexto escolar. A violência assistida online é reproduzida na escola, o bullying reverbera para além do horário de aula, o vazamento de imagens íntimas é banalizado, os jogos de azar digitais passam a ser brincadeira dentro dos muros da escola e tantas outras situações em que o uso da internet promove novas barreiras para a ação educativa emancipadora.
Nós acreditamos que essa realidade pode ser diferente e que a internet pode ser uma ferramenta para uma educação libertadora, cidadã e diversa. No projeto “Conectaí: Educação e Segurança como Trend”, o IRIS defende a Educação midiática como o caminho para superação da exposição de adolescentes a riscos online. Adolescentes precisam de meios para desenvolver um engajamento autônomo que permita a apropriação tecnológica de maneira saudável, e isso pode -e deve- ocorrer em um espaço coletivo como a sala de aula.
E como colocar isso em prática? Nossa estratégia está baseada em 3 eixos: pesquisa, formação e redes de parceria escola-universidade. Sendo um centro de estudos por excelência, conduziremos uma pesquisa etnográfica para compreender os elementos necessários para apropriação de jovens no ensino-aprendizagem de educação midiática. Esta pesquisa será um insumo para nossa elaboração de um currículo de Educação midiática para Cidadania digital implementado em capacitações cocriadas com adolescentes da rede pública de ensino. E a ação educacional não para por aí!
Para garantir a continuidade da formação em educação midiática e promover a autonomia nesse processo educativo, vamos articular uma rede de parceria duradoura entre estudantes de escolas públicas e estudantes de universidades para que nosso currículo de Educação Midiática seja replicado por meio da educação entre pares. Conscientes de que a solução proposta só terá impacto verdadeiro se for perene e robusta, ao longo de toda a execução do Conectaí contribuiremos com diversas partes interessadas para a concretização da Estratégia Nacional de Educação Midiática. Desse modo, o Conectaí promove o protagonismo brasileiro na agenda de políticas públicas de cidadania digital e educação midiática.
Sabemos que o desafio é enorme, assim como a expertise e dedicação de nossa equipe multidisciplinar. O IRIS se dedica à promoção de conectividade significativa desde 2019 e estamos confiantes de que o ConectAí alcançará o impacto esperado: formar uma geração de adolescentes autônomos, críticos e com as ferramentas necessárias para encontrarem mais segurança e bem-estar na internet.