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Cadim de Dados: para democratizar as ações de conectividade

No Brasil, a exclusão digital ainda é um obstáculo para milhões de pessoas. Apesar da existência de dados públicos sobre conectividade, como os divulgados pela ANATEL, essas informações muitas vezes são técnicas demais e inacessíveis para quem mais precisa delas. O Cadim de Dados surge para enfrentar essa desigualdade e democratizar o uso estratégico dessas informações.

Nosso objetivo é tornar os dados públicos sobre conectividade mais compreensíveis e úteis para movimentos sociais, comunidades vulnerabilizadas e gestores públicos. Para isso, o projeto atua em duas frentes: melhorar a forma como os dados da ANATEL são disponibilizados e ampliar o engajamento social na formulação de políticas públicas sobre acesso à internet.

Neste projeto, iremos trabalhar em:

  • Revisão de literatura para definir diretrizes que tornem os dados da ANATEL mais acessíveis em linguagem, formato e conteúdo;
  • Benchmarking para identificar boas práticas de disponibilização de dados em organizações referência;
  • Evento público para debater o uso de dados na formulação de políticas de conectividade;
  • Pesquisa-ação com grupos focais para mapear barreiras no acesso e uso dos dados da ANATEL;
  • Engajamento da sociedade civil para fortalecer a atuação em políticas de acesso a dados e conectividade significativa.

Acreditamos que, ao transformar números em ferramentas, é possível fortalecer a conectividade significativa no Brasil e garantir que todos possam se apropriar das informações para reivindicar seus direitos.

Ano de início: 2025 | Status: em andamento
Financiamento: Embaixada Britânica

Entenda a mudança proposta em nosso projeto

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O acesso à informação é importante – isso já é muito discutido. Mas você sabe quem realmente consegue utilizar os dados disponibilizados pelo poder público? Esse questionamento se torna ainda mais urgente quando pensamos no cenário de exclusão digital no Brasil.

Estudos recentes mostram que apenas 22% da população tem acesso satisfatório à internet. A informação, nesse contexto, é um recurso necessário para superarmos o fosso digital e conseguirmos identificar onde as políticas públicas estão faltando, além de quais são as prioridades a serem atendidas. Mas e quando os dados sobre conectividade são utilizados apenas por quem tem grandes capacidades técnicas de entender e se apropriar daquela informação? 

Com a Lei de Acesso à Informação, órgãos públicos passaram a ter a obrigação de tornar seus dados acessíveis à sociedade. No entanto, ainda há uma barreira fundamental de apropriação de dados – especialmente entre grupos não especializados setorialmente.

Na realidade que temos hoje no Brasil, o painel de dados sobre conectividade da ANATEL mostra suas informações em grandes planilhas e painéis repletos de termos técnicos, o que pode tornar sua interpretação difícil para quem não tem formação específica na área. Como resultado, o uso desses dados tende a ficar concentrado nas mãos de especialistas, consultorias e grandes empresas privadas, enquanto organizações da sociedade civil, comunidades rurais e urbanas e até mesmo gestores públicos sem treinamento técnico específico encontram dificuldades para se apropriarem dessas informações e utilizá-las de maneira estratégica.

O Cadim de Dados nasce para mudar essa realidade. Quando compreendidos e utilizados estrategicamente por grupos vulnerabilizados e movimentos sociais, os dados deixam de ser apenas números e se transformam em ferramentas reais para fortalecer a conectividade significativa no Brasil.

Apropriar-se de dados sobre conectividade é fundamental para embasar ações concretas, como reivindicar cobertura de provedores, identificar áreas prioritárias para investimentos em infraestrutura, e até mesmo implementar meios alternativos de acesso, como redes comunitárias de internet. 

Entendemos que esse desafio precisa ser abordado por duas frentes complementares. A primeira diz respeito à melhoria da disponibilização dos dados da ANATEL, garantindo que linguagem, formato e conteúdo sejam mais acessíveis para movimentos sociais e grupos vulnerabilizados. A segunda frente trata da ampliação do engajamento social na construção de políticas públicas para conectividade

E como colocaremos isso em prática? Nossa estratégia está baseada em 5 atividades:

  1. desenvolver pesquisa para identificar diretrizes que aprimorem a disponibilização dos dados da ANATEL, com foco em linguagem, formato e conteúdo mais acessíveis para movimentos sociais e grupos vulnerabilizados;
  2. identificar boas práticas de apresentação e transparência de dados de outras organizações de finalidade similar e comparar com o sistema da Anatel;
  3. realizar um evento para ampliar o debate sobre apropriação de dados de conectividade;
  4. realizar pesquisa com grupos focais para entender as barreiras que dificultam o acesso e a apropriação dos dados da ANATEL; e
  5. mapear e incidir sobre as políticas de acesso à informação e dados públicos de Conectividade da Anatel.

O desafio é enorme, e por isso conta com a experiência e dedicação da equipe multidisciplinar do Instituto. O IRIS se dedica à promoção de conectividade significativa desde 2015 e trabalhamos para que o Cadim de Dados alcançará o impacto esperado: aprimorar a experiência de uso no manuseio da base de dados sobre conectividade à Internet da ANATEL e ampliar a participação de diferentes grupos na construção das políticas públicas sobre esse tema.

Equipe envolvida