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Aspectos técnicos da governança da Internet: DNS, PTTs e Infraestrutura básica

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26 de abril de 2016

É fácil perceber que um mesmo cabo serve tanto para a Internet, para a TV a cabo e o telefone. Isso acontece porque a internet faz uso da mesma estrutura dos meios de comunicação tradicionais (como telefonia e TV acabo, p. ex). A diferença, entretanto, é que a internet utiliza essa estrutura de forma inovadora, de modo que consegue substituir os meios de comunicação tradicionais, inclusive com maior eficiência.
Um dos aspectos que permitem maior eficiência é a forma de comunicação pela qual a Internet funciona. Dentro da rede, os dispositivos se comunicam por meio de um IP (internet protocol). O IP tem duas funções: servir de identificação de um dispositivo na rede – números separados em quatro casas; e dividir as informações em partes (pacotes).
Pode-se dizer que pacotes IP são partes de uma informação, e que cada parte  está etiquetada com os endereços IP de origem e de destino. O IP permite que redes com diferentes tecnologias (VoIP; email; Web; HTTP; pop; wi-fi; rádio; etc.) possam ser interligadas sobre a mesma comunicação. E tanto faz se você utiliza cabo, rádios, fibras: todos podem ser ligados sobre o mesmo pacote. b o mesmo protocolo.
A internet é um conjunto de redes (inter – entre, net – redes) interligadas. Assim, o IP se torna fundamental, porque permite que redes que funcionam de formas diferentes possam manter conexão entre si.  Os IP’s, portanto, passam livremente por essas redes até chegar a seu destino final.
São várias as pessoas (em sentido jurídico) que compõem a Internet de forma independente. Os provedores de conexão (acesso) permitem o usuário final se conectar à rede mundial, garantindo uma velocidade na circulação da informação (NET, OI, GVT, p. ex). Esses provedores também têm seus provedores (provedores de trânsito) que, por sua vez, se ligam a outras redes e assim por diante.
Google, Facebook e Twitter estão em uma dessas redes e são denominados provedores de aplicação, também chamados de provedores de conteúdo.  Existem, portanto, dentro da internet os provedores “atacadistas” (provedores de trânsito) que repassam suas estruturas aos provedores responsáveis pela venda em “varejo” (provedores de conexão). Quando esses provedores de trânsito se tornam muito grandes, interligando várias redes, passam a ser denominados de back bones.
As várias redes da Internet (formadas por provedores de acesso, provedores de trânsito e provedores de conteúdo) comunicam entre si para saberem qual é o caminho mais rápido que uma informação deve percorrer até chegar a seu destino final. Essas redes são designadas como sistemas autônomos (Autonomous Systems ou ‘ASes’ em inglês). Em 2014, existiam mais de 50.000 ASes, com mais de 500.000 rotas. A relação entre esses ASes é comercial, então um provedor pode permitir que as informações de um AS passem por ele para chegar ao resto da rede de forma mais eficiente, ou que eles apenas troquem informação mais rápida entre si. Existem, também, os PTT’s (Ponto de Troca de Tráfego): um único ponto em que se conectam várias ASes, o que permite maior velocidade na troca de informação entre eles.
Para se acessar um provedor de conteúdo ou serviço por meio de um navegador, não precisamos digitar o IP do servidor desse provedor. Isso acontece por causa do Sistema de Nome de Domínio (DNS – em inglês). O DNS funciona como uma grande tabela que indica um nome em letras e sua correspondência em endereço IP (em números). O DNS, na verdade, está distribuído em vários servidores.
Os servidores raiz – o principal fica nos EUA e existem doze copias espalhadas por países pelo mundo, sendo que o Brasil não é um deles – sabem onde ficam os domínios de primeiro nível (Chamados TLDs, ou Top-Level-Domains), que podem tanto estar relacionados a um país em especifico (.br, .pt, .tv, etc), ou os genéricos que não se relacionam a um país em específico (.com, .org, .info, etc). Esses domínios de primeiro nível levam a informação a outro servidor, designado como autoritativo. Este servidor DNS sabe onde está o servidor responsável por hospedar o site a que queremos acessar. Nossos dispositivos pessoais também possuem costumam possuir um servidor DNS, denominado de resolver.  Assim, os servidores de DNS são como telefonistas da Internet, associando um número mais difícil de se recordar a um nome mais facilmente memorizado.
Para esclarecer, exemplificarei o caminho percorrido por uma solicitação de informação: ao digitar www.globoesporte.com.br → a informação solicitação vai ate o  sistema DNS do seu computador (resolver) → Este, por sua vez, manda a informação ao sistema recursivo disponibilizado por seu provedor de conexão, perguntando qual o número de IP associado àquele endereço → o sistema recursivo pode fazer duas coisas: se já acessaram esse site por ele, ele pode lembrar da resposta e encaminhar o número de IP de volta ao usuário; se ele não souber onde fica o servidor autoritativo do site (Que guarda a associação entre o IP e o endereço), ele encaminha a informação a um dos servidores raiz mais próximos dele → o servidor raiz sabe que o .br fica no Brasil, mas não sabe onde fica o servidor autoritativo do site → ele, então, manda a informação ao servidor autoritativo do .br →  o servidor autoritativo do .br não sabe em que servidor está o globoesporte.com.br, mas sabe onde esta o autoritativo do site →  por fim, ele manda a informação ao autoritativo do site (.com.br), que sabe qual IP é responsável por hospedar o site do Globo Esporte. É depois de percorrer todo esse caminho que o servidor recursivo do dispositivo da pessoa permite que o navegador web passe a trocar informações com o servidor daquela página web.

Por Rodrigo de Melo

Rodrigo de Melo é graduando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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